A Vida Imita a Arte!
“Essa idéia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade [...] chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão.”
O texto citado acima é retirado de um livro, Memórias Póstumas de Brás Cubas escrito por Machado de Assis. É interessante notar que por de trás da ficção existe uma dor que vivemos e conhecemos bem: a dor da melancolia. Talvez fosse apenas a melancolia inerente de um defunto-autor (o narrador-personagem da obra) que enquanto vivo não via muito sentido na humanidade, e se sentia consternado com a subsistência melancólica do ser humano.
Por que acordamos? Por que vivemos? Por que teimamos continuar respirando uma vez que não acreditamos mais no mundo? Por que vivemos buscando satisfazer o propósito cínico de duvidar de tudo menos de nosso legado? Praticamente seria o cristianismo uma enorme hipocrisia coletiva, onde nos torturamos e buscamos torturar um deus indiferente?
Para Machado de Assis, o propósito verdadeiramente cristão é uma solução capaz de retirar toda melancolia, tristeza de nossa humanidade. Pare de Sofrer! Talvez essa frase fosse a propaganda desse medicamento sonhado há mais de 100 anos. Interessante mesmo é o fato que esse remédio hoje é vendido em forma de simpatia em muitas igrejas. Constantemente os discípulos de Jesus Cristo têm sido obrigados a se travestirem com uma armadura da vitória totalmente corroída pela ferrugem de uma fé que busca vitória, vitória e vitória. Esquecemos que uma das maravilhas da vida cristã é justamente o sofrimento seja ele resultado de nossa luta contra o pecado ou as provações que enfrentamos para que nossa fé seja aumentada. Como buscamos eliminar de nossa fé um dos aspectos mais vivos e humanos? O próprio Jesus Cristo sofreu, e disse muito sobre o sofrimento à seus discípulos: “Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e o mundo se alegrará; mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando está para dar a luz, tem tristeza, mas, depois de nascido o menino já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem.” (João 16.20-21). Não podemos esquecer nunca que a alegria brota do sofrimento, e que a busca desesperada pelo “não sofrer” pode ser um sinal de um coração que não quer ser trabalhado pelo evangelho da cruz, que nega a provação como instrumento de Deus para transformar nosso caráter. O sofrimento que temos enfrentado hoje é Deus moldando o nosso caráter e aumentando a porção de nossa fé.
Em Cristo, Pastor Thiago Amaral.
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